MP diz que valores do seguro para parentes das vítimas do acidente aéreo de Vinhedo estão sendo definidos
Após se reunir com familiares das vítimas do acidente aéreo em Vinhedo, no interior de São Paulo, que deixou 62 mortos, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, afirmou que estão sendo levantados valores para o pagamento do seguro aos parentes de passageiros e tripulantes que estavam a bordo do voo 2283.
“O seguro é uma questão que está alinhada entre a Defensoria Pública e o Ministério Público que, juntamente com a empresa e com as seguradoras, estão levantando os valores de uma maneira muito transparente em conversa com os familiares das vítimas”, afirmou.
“O seguro é algo linear pra todas as vítimas, mas esperamos que aconteça um ajuste entre as demandas as famílias, com a Defensoria Pública com o MP e com a VoePass” completa. Ainda não foram definidos valores.
O procurador disse ainda que o MP-SP indicou três promotores de Vinhedo para acompanhar as investigações.
“Hoje, nós determinamos a indicação dos três promotores de Justiça de Vinhedo pra que acompanhassem o inquérito policial instaurado pela delegacia da Polícia Civil do município. Teremos uma reunião com a delegada com o delegado seccional uma vez que o inquérito pra apurar fatos, esse inquérito no estado de SP não é exclusivo, também será feita uma investigação federal, mas com o inquérito de SP será possível fazer a apuração de fatos que tenhamos todas as pessoas de todas as empresas que de alguma maneira estejam nesse nexo de culpabilidade.”
Familiares estão em um hotel no Centro da capital paulista para acompanhar a identificação dos corpos, que está sendo feita no IML Central (veja mais abaixo). O IML já concluiu laudos necroscópicos e agora está sendo feita a análise de identificação.
Paulo Sérgio afirmou também que o governo brasileiro está em contato com os familiares das vítimas de outros países, como Portugal e Venezuela, e que elas serão igualmente atendidas.
Nesta segunda-feira, o MP-SP também derrubou 31 perfis falsos que estavam usando fotos das vítimas para aplicar golpes.
O procurador informou que os golpistas estão sendo identificados e serão “rigorosamente punidos”
O acidente
O avião tinha saído de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, em São Paulo, mas acabou caindo em um condomínio no bairro Capela, em Vinhedo (SP).
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20, mas a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas da torre de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. “A perda do contato radar ocorreu às 13h22”.
É o acidente aéreo com o maior número de vítimas desde a tragédia da TAM, em 2007 no Aeroporto de Congonhas, quando houve 199 mortos.
Ainda não se sabe as causas, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol, situação em que a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar, segundo especialistas.
Identificação dos corpos
Uma força-tarefa do Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo identificou até 17 dos 62 mortos no acidente com o avião da Voepass, que caiu na última sexta-feira (9).
As declarações de óbitos de oito dos mortos já foram entregues a seus parentes. Familiares de oito vítimas já estavam providenciando os trâmites para as cerimônias de despedida delas em suas cidades. As identificações dos mortos foram feitas por meio de reconhecimento de digitais.
As demais nove vítimas identificadas estão aguardando documentos pessoais delas para que seus parentes também possam liberar seus corpos. Os nomes desses mortos ainda não foram divulgados pelo IML.
Investigação
Nenhum dos ocupantes do voo 2283 sobreviveu. No avião tinham 58 passageiros e quatro tripulantes. A Aeronáutica apura as causas da queda da aeronave que atingiu duas residências no Condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Não há registro de vítimas entre moradores ou de quem estava no solo.
A Polícia Federal e a Polícia Civil também investigam separadamente as causas e responsabilidades pelo acidente. O Ministério Público (MP) acompanha as investigações. A companhia aérea afirmou em nota que o avião que caiu estava apto a voar e sem restrições.
A Polícia-Técnico Científica de São Paulo afirmou nesta segunda-feira (12) que as vítimas morreram de politraumatismo. O reconhecimento dos corpos ainda não tem prazo para terminar.
“Hoje, nós temos a convicção de que todos morreram de politraumatismo. É uma certeza científica, a aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos eles sofreram politraumatismo”, diz Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.
Segundo Reis, as vítimas já tinham morrido com o impacto da queda e só depois foram carbonizadas.
“As queimaduras que terminaram com a carbonização de alguns corpos foram secundárias ao politraumatismo.”
O diretor disse ainda que todas as vítimas serão identificadas completamente.
“Eu garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa. Nós não liberamos nenhum corpo, nenhuma pessoa, nenhum cadáver se não houver uma certeza absoluta dessa verificação, é por isso que daqui pra frente o processo vai ser um pouco mais lento.”
A Polícia Científica do Paraná enviou para São Paulo 31 amostras de DNA e 19 de documentação odontológica para ajudar os peritos paulistas nesse processo.
A Força Aérea Brasileira (FAB) colocou à disposição a aeronave KC-390, um cargueiro, para levar os corpos das vítimas de São Paulo para o Paraná.
O avião
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da VOEPASS, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida.
De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos.
O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes.
Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante):
Número de assentos: 74
Velocidade de cruzeiro: 511 km/h
Comprimento: 27 metros
Envergadura: 27 metros
Altura: 7,65 metros
Autonomia de voo: 1.324 km
Fonte : CQCS
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